No primeiro dia de aula, gosto de conversar sobre as motivações do aluno, aprender sobre as suas preferências, sentimentos e o que irá prender a sua atenção no plano de ensino. Uma das frases que mais escuto é: - Não tem jeito. Não aprendo! Já tentei várias vezes, comecei vários cursos, tem que ter paciência comigo. Este tipo de verbalização pode demonstrar muitas coisas de uma pessoa, tais como:
- um indivíduo que acha incrível o processo de aquisição de uma linguagem e não se percebe capaz de adquirir uma outra língua, e bem no fundo, é fascinado com esta possibilidade.
- um indivíduo bloqueado emocionalmente dentro de um trauma de alfabetização ou algum outro trauma afetivo.
- um indivíduo inseguro, que ao se justificar ao professor, se sente protegido. Esta insegurança é comum a todo brasileiro.
Por quê? o Brasileiro é o único no mundo a se sentir assim, por muitos fatores. Quando vivi na Itália tive contato em sala de aula com pessoas de vários continentes, e éramos duas brasileiras, as únicas que torciam para que o professor não nos solicitasse, a exposição física doe na alma do brasileiro. Não que não fosse capaz, apenas sentia um grande desconforto quando precisava me expor em sala de aula.
Este tipo de sentimento não quer dizer falta de inteligência, mas uma capacidade mal conduzida. É cientificamente comprovado que todo ser humano aprende línguas, não é como matemática, ou história, ou geografia, estamos falando da capacidade de se comunicar, precisamos falar para sobreviver na nossa comunidade.
Assim sendo, todo indivíduo nasce com inteligência para desenvolver a linguagem, salvo em alguns transtornos como no autismo, quando a interação social é prejudicada e assim a aquisição e a produção da linguagem.
TODOS QUE APRENDEM À LINGUA MATERNA, CONSEGUEM APRENDER A LÍNGUA ESTRANGEIRA.
Mas o que é inteligência?
Segundo o dicionário Aurélio, a razão é a própria inteligência, ou a faculdade que tem o homem de estabelecer relações lógicas, de conhecer, de compreender e de raciocinar.
Eu concordo, porém existem outras inteligências, são quase incontáveis as inteligências que compõem o nosso modelo mental. Vou citar aqui 3 que são importantes para a aquisição da linguagem:
- A inteligência Racional, a descrição primaria do dicionário, aquela que somos capazes de medir um coeficiente (QI), que nos possibilita adquirir conhecimento, armazená-lo e usá-lo.
- A Inteligência social ou inteligência interpessoal, é a habilidade de entender e reagir adequadamente a seu meio social e desenvolver relações saudáveis e produtivas. Segundo Daniel Goleman, baseando-se na neurociência, a inteligência social consiste da percepção social (tais como empatia, compatibilidade) e faculdades sociais (tais como sincronicidade, autoapresentação e atenção ao outro).
- A inteligência emocional, nos permite administrar as emoções, seja para nos sentirmos bem, seja para construir relacionamentos saudáveis e positivos. Se a inteligência Racional é proporcional ao conhecimento adquirido, a Emocional ao auto-conhecimento, a auto-motivação, e ao auto-controle.
No post de ontem falamos sobre o “mindset” termo em inglês que quer dizer modelo mental. Um indivíduo cujo mindset é flexível dispõe de uma inteligência emocional elevada. Já o mindset fixo é aquele em que o indivíduo segue as culturas familiares e comunitárias sem questioná-las sobre o que sente ou o que necessita fazer ou dizer, simplesmente não pensa, vive no modo automático. Este individuo vive em constante stress, busca por mudança externa, e não se percebe, não entende que a mudança teria que ser interna.
Então aprender línguas não é uma questão de acumular conteúdos, mas se perceber, se permitir, se reinventar, acima de tudo desenvolver a sua inteligência emocional.
Para melhor compreender a Inteligência emocional sugiro o vídeo abaixo, resumo do livro Inteligência Emocional de Daniel Goleman, o qual define bem esta inteligência tão essencial na aquisição da linguagem, libertadora de preconceitos e cargas culturais que carregamos ao longo da vida. Liberte o seu Eu, perceba-se e seja quem você precisa ser”.
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